sexta-feira, 22 de agosto de 2008

Também temos o nosso "super-herói"

Nem sou muito dada a patriotismos bacocos, a disparates de orgulho em Portugal ou o que seja. Nasci aqui, como podia ter nascido em qualquer outro país do mundo. Podia ser filha alemã se o meu avô tivesse aceitado a proposta de ir para aquele país. Ou brasileira, se a minha bisavó tivesse seguido o amor da vida dela. Ou italiana, se o meu bisavô de Turim, não tivesse vindo para Portugal, fugido da Primeira Guerra Mundial.
As circunstâncias fizeram-me Portuguesa. E não sou propriamente uma patriota ferverosa, nem sou daquelas que acho que o meu país é o pior para se viver. Aceito-o, como ele me aceita a mim.
Mas claro que sinto sempre prazer em reconhecerem o meu país quando estou no estrangeiro, dizerem-me o quão bonito ele é, falarem-me dele e daquilo que gostam.
Isto tudo como preâmbulo para os Jogos Olímpicos. Sim, estava com expectativas nas medalhas da Telma, do Gustavo, da Naide. Esperava o ouro da Vanessa e do Nelson. Sem fanatismos, mas como algo que acharia natural. Depois percebi que não era bem assim, que a forma como "venderam" as Olimpíadas faziam-nos acreditar que seria assim. Pior, fizeram-nos acreditar. E nestas coisas de final, de grande competição, de projecção mundial, não basta ser bom atleta. Tem de se ter mais qualquer coisa conjugada: sorte, profissionalismo, vontade, crença e ser-se psicologicamente forte. Estava a ficar descrente, mas de modo racional, percebendo que as pessoas não são super-heróis e que podem errar, ou simplesmente não terem uma pontinha de sorte (como no caso do Gustavo Lima, por exemplo). Até que depois lá apareceu um super-herói. Fiquei contente. Parei o que estava a fazer e procurei uma televisão perto de mim para ver o feito que me confirmavam via sms. Não por ser portuguesa e orgulho patriótico, mas por perceber que até há alguns super-heróis que usam a capa vermelha a verde da nossa bandeira. Não só são os Phelps que a podem usar. E isso deixou-me feliz. E depois porque sempre apreciei o Nelson, porque gostei de o ver como porta-bandeira na abertura, porque gosto do discurso coerente e do assumir das suas potencialidades (que se tornam cada vez mais certezas).
Fiquei feliz, portanto.

Ring a Bell?

2 comentários:

Marco A. disse...

Grande triunfo, parabéns Nelson.

Foi bom voltar a ouvir a portuguesa e ver a bandeira nacional subir ao mastro mais alto nuns jogos olímpicos.

Anónimo disse...

Fiquei surpreso,~não porque duvidasse das potencialiadades do Nelson Evora, mas porque tinha forte concorrencia.