quinta-feira, 31 de janeiro de 2008

Licha, um jogador à Porto



Hospitalidade portuguesa: «Aqui são hospitaleiros, a cidade tem pouco mais de um milhão de habitantes e, quando cheguei com o Lucho, gostámos logo do Porto, porque tem tudo, rio, mar, praias, partes antigas, museus, etc. Pode formar-se uma fila infernal de trânsito, mas também são capazes de travar a fundo para deixar passar um peão.»

Simpatia de taxista: «No início, eu e o Lucho ficámos num hotel e o clube deu-nos um carro. Certa vez, vínhamos de um treino já de noite e perdemo-nos por completo. Parámos num semáforo, pedimos direcções a um taxista e ele disse para o seguirmos: Foram 20 minutos, mas quando vimos estávamos à porta do hotel. Foi uma atitude incrível. Quando vamos comer, prepara-nos sempre uma mesa especial. Mas, nas ruas, não são de começar aos gritos, dizendo: 'Ei, dá-me a tua camisola!'. Cumprimentam-nos e seguem em frente.»

Liga dos Campeões: «A Liga dos Campeões é espectacular, ficamos com pele de galinha, os estádios explodem. Este ano jogámos na Turquia, com o Besiktas, e juro que nunca tinha visto nada assim, nem mesmo na Argentina. Havia uma onda de pressão no estádio, as pessoas estavam loucas, possuídas. No ano passado, jogámos contra o Chelsea, com Shevchenko e Drogba no ataque, e não acreditava que os estava a defrontar. Lembro-me de estar em casa, vendo os golos de Shevchenko no Milan. Foi um impacto para mim estar a jogar contra um monstro assim. Troquei de camisola com o Drogba, mas tive de ser eu a pedir.»


Liga portuguesa: «A Liga portuguesa não tem a dimensão da inglesa, italiana ou espanhola, tem menos marketing. Mas penso apenas em continuar aqui, cumprir, manter este nível, porque sei que, um dia, vou poder marcar golos na selecção argentina.»

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Lisandro fala (a um jornal argentino) ainda de outras coisas, tipo da "febre" Cristiano Ronaldo, mas estas partes foram as que mais gostei. A humildade ao reconhecer que joga com monstros na Liga dos Campeões e a falar do Shevchenko e do Droga como um comum dos mortais que gosta de futebol só me envaidece por ter no FCP um jogador assim. E depois parece que a empatia entre os adeptos e a cidade para com ele é mútua. :)



Ring a Bell?

2 comentários:

Marco A. disse...

Nota-se que ele está feliz no clube e na cidade, e que se sente acarinhado pelos adeptos.

À uns meses atrás li uma reportagem sobre ele no Record onde vasculharam o inicio da sua carreira e entrevistaram alguns dos seus ex colegas, confesso que até ganhei alguma simpatia por ele depois de ler esse texto.

A sua personalidade parece um pouco moldada pelas dificuldades que passou durante a sua juventude e o inicio da carreira de futebolista, que até ocorreu um pouco tarde para os padrões normais (tinha 16 anos), pouco depois esteve quase para abandonar o futebol quando um treinador o dispensou, ele ficou lavado em lágrimas, disse que iria voltar para casa e nunca mais iria querer saber de futebol, mas logo um outro técnico lhe deu a mão pra uma nova oportunidade que ele soube agarrar muito bem, e a partir dai a sua carreira sofreu uma evolução rápida e muito positiva.

Questionados sobre ele, alguns dos seus ex colegas enalteceram a bondade da sua pessoa, e a força da sua atitude tanto no terreno de jogo como na vida, mas todos gracejaram com algo, não convém meter muita conversa com o Lisandro de manhã, "ele acorda sempre muito rabugento", mas durante o dia as coisas vão melhorando ;)

Em suma, o Lisandro é um grande jogador, quer pelo seu talento, mas principalmente pela sua atitude, e também parece ser uma boa pessoa.

Anónimo disse...

De facto temos ali um SENHOR, um verdadeiro jogador à porto, que soube encarnar bem o que é o espírito combativos dos tripeiros em geral e dos portistas em particular. Ecce homo!